Basicamente
Clarice viajando na batatinha molhada na maionese de uma forma linda e poética como só ela consegue. Ela meio que pinta um livro, escreve como quem pincela numa tela e o resultado é uma obra inexplicável!
Sinopse para pessoas normais
Clarice Lispector tinha o hábito de dormir cedo, acordar de madrugada e ficar sentada na sua sala pensando, fumando e ouvindo a Rádio Relógio, acompanhada apenas de seu cachorro, Ulisses. Nesses momentos de solidão, nasceram muitas de suas obras, que, depois, ela escreveria com a máquina de escrever apoiada sobre as pernas. "Escrevo-te sentada junto de uma janela aberta no alto do meu ateliê", diz ela em determinado trecho do romance Água viva, em que a autora se confunde com a personagem, uma solitária pintora que se lança em infinitas reflexões sobre o tempo, a vida e a morte, os sonhos e visões, as flores, os estados da alma, a coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam, a especialidade da própria Clarice. Água viva, longo texto ficcional em forma de monólogo, foi lançado pela primeira vez em 1973, poucos anos antes da morte de Clarice que, nessa época, já se consagrara como um dos valores mais sólidos da nossa literatura, por seu estilo único, em que a grande preocupação era a busca permanente pela linguagem. Água viva é um desafio emocionante para quem lê ou relê Clarice Lispector. Traz uma linguagem que não se perde no tempo; ao contrário, é ricamente metafórica, em que coisas, ações e emoções do dia-a-dia se transformam em grandiosas digressões indagadoras sobre o sentido da existência e da vida. Seguindo a linha de características introspectivas de seus livros, Clarice cria uma obra singular, verdadeiro relato íntimo que projeta em flashes, como num caleidoscópio, verdadeiros resumos de estados de espírito em tom de confidência, onde a subjetividade sobrepuja o factual e a narradora é responsável pela cadência do texto.
Na minha humilde opinião
Não é um livro fácil. Apesar de fininho, eu levei uma eternidade pra terminar de ler. É puro fluxo de consciência, é como entrar dentro da cabeça da Clarice Lispector, lá dentro é lindo, mas é bem complicadinho também.
A intenção da autora foi escrever da mesma forma que ela pinta, então as palavras vêm como pinceladas, sem pensar, sem racionalizar sobre qualquer assunto. E o livro é sobre isso, qualquer coisa, o que passasse na cabeça da escritora naquele exato momento ela escrevia.
Lógico que se eu ou você fizesse um exercício de escrita desses sairia uma bela de uma bos...besteira. Mas estamos falando de Clarice Lispector, por isso o que temos é mesmo uma obra de arte.
O livro é lindo, é um poema em prosa. As reflexões são profundas e muito bonitas, quando vc consegue entender. Como alguém consegue escrever daquele jeito? Só mesmo uma artista da grandeza de Clarice.
No fim, acho que ela conseguiu mesmo pintar um quadro de palavras, porque o meu livro pelo menos, ficou tão colorido de marcações que parece mesmo uma pintura, um quadro, uma obra artística.